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O relatório “Financiando a transição energética: como governos podem aumentar o investimento corporativo”, da ONG Climate Group, mostra que enquanto se espera que os líderes mundiais se comprometam a triplicar o aumento da capacidade energética renovável global até 2030 na COP28, barreiras políticas comuns impedem a implementação desse tipo de energia nas maiores economias do mundo.

A iniciativa RE100 da Climate Group trabalha com mais de 400 empresas que, juntas, requerem uma demanda energética maior do que a da França e que estão comprometidas a usar energia 100% renovável em todas as suas operações. Elas estão investindo bilhões de dólares para conseguir implementar o uso da energia renovável, mas as barreiras regulatórias as impedem de investir em eletricidade renovável em muitos mercados. De acordo com o Climate Group, isso causaria um efeito cascata para a redução do uso de combustíveis fósseis.

O relatório, lançado na COP28, destaca as lacunas comuns nas políticas que estão impedindo o progresso em oito economias do G20, apresentando-as como exemplo dos desafios encarados por muitos países do mundo. O relatório, que foca na Argentina, China, Japão, Indonésia, Índia, México, Coreia do Sul e África do Sul, fornece recomendações para quebrar tais barreiras, permitindo que os países aproveitem as oportunidades econômicas da transição energética e agilizem o processo para zerar as emissões de carbono.

Na Coreia do Sul, por exemplo, 129 dos 226 governos locais do país (57%) determinaram medidas que exigem que as instalações de painéis solares estejam localizadas a uma distância mínima de 100 a 1.000 metros das áreas residenciais e estradas, o que marca várias extensões do país como áreas proibidas para o desenvolvimento solar.

São três as barreiras identificadas no relatório. Primeiro, a disponibilidade de energia renovável em uma região ou país. Segundo, a acessibilidade dessa energia para o uso corporativo. Por último, a viabilidade econômica da energia renovável em alguns mercados, que muitas vezes não está alinhada com os custos significativamente mais baixos desse tipo de energia em outras partes do mundo. Os desafios impostos por ambientes regulatórios restritivos e barreiras de mercado também são explorados no relatório.

Os apelos por uma ação mais efetiva na eliminação dos combustíveis fósseis e por uma liderança mais forte das maiores economias do mundo têm aumentado. Os sinais positivos surgiram mais cedo este ano, quando as nações do G20 se comprometeram a triplicar a capacidade energética renovável globalmente até 2030 através das metas e políticas existentes. Para tanto, é crucial que os governos removam as barreiras políticas mais comuns que perpetuam a continuidade do uso de combustíveis fósseis e atrasam a transição global para a emissão zero de carbono.

As recomendações políticas descritas no relatório que podem ser usadas pelos países para liberar o potencial econômico das renováveis são: Estabelecer um ambiente regulatório propício que promova a aquisição corporativa e a acessibilidade de energias renováveis; criar condições justas que garantam fontes limpas a um custo acessível e aumentar o fornecimento para garantir que a disponibilidade de renováveis sejam suficientes.

Além da Coreia do Sul, o relatório também inclui outros exemplos de locais onde as políticas tiveram um impacto direto no investimento privado na infraestrutura da energia elétrica do país. Em 2018, quando o presidente Andrés Manuel López Obrador assumiu o poder, o México obteve US$ 5 bilhões de investimento estrangeiro direto no setor energético. Em 2021, o valor caiu para US$ 600 milhões – uma queda atribuída à desmotivação dos investidores devido aos argumentos a favor do combustível fóssil.

Do outro lado da moeda, o Programa de Produção de Energia Renovável Independente da África do Sul estimulou mais investimento no desenvolvimento de fontes de energia renovável, com US$ 17,32 bilhões destinados para o projeto. No entanto, a rede elétrica da África do Sul apresenta dificuldades para implementar o projeto, o que mostra que também é necessário investir em infraestrutura.

Caso adotem as recomendações do relatório, os países podem liberar bilhões de dólares em investimento e alcançar o objetivo principal de combater a mudança climática, além de ajudá-los a atingir as metas para zerar as emissões de carbono.